Catálise enzimática produz biodiesel mais verde
As fontes limitadas de combustíveis fósseis, o aumento do preço do
petróleo e a crescente preocupação ambiental têm sido as principais
razões para os investimentos em pesquisa na área de biocombustíveis.
No Brasil já existem dezenas de indústrias desse biocombustível em
operação. A produção do biodiesel é principalmente realizada a partir da
reação entre um óleo vegetal e um álcool. Para tornar isto possível, um
catalisador é adicionado a fim de aumentar a velocidade da reação. Nos
processos industriais utiliza-se um catalisador alcalino (hidróxido de
sódio ou de potássio). No processo, além do biodiesel, é também formado o
co-produto glicerol, que pode ser recuperado e tem amplas aplicações
nas indústrias farmacêutica, alimentícia, cosmética e de plásticos.
A produção do biodiesel por catálise alcalina, entretanto, possui
diversos problemas: o consumo de energia no processo é alto, a
recuperação do glicerol produzido na reação é difícil e o catalisador
alcalino solúvel precisa ser removido do produto. A necessidade de
tratamento do efluente alcalino gerado e o alto consumo de água durante a
lavagem nas etapas de purificação do biodiesel fazem com que o processo
alcalino tenha um impacto significativo no meio ambiente. Além disso,
se o óleo contiver pequenas quantidades de ácidos graxos livres há a
formação de sabões, o que leva a uma redução no rendimento da reação,
além de dificultar o processo de purificação.
Tendo em vista esses problemas, uma alternativa que vem sendo estudada é
a utilização de enzimas como catalisadores para a produção de
biodiesel. Enzimas são catalisadores biológicos (biocatalisadores) que
podem ser produzidos por microrganismos e são biodegradáveis. A produção
de biodiesel por via enzimática tem potencial para superar os problemas
da catálise alcalina. Além de as enzimas serem biodegradáveis, não há a
formação de sabões no processo, o glicerol pode ser facilmente
recuperado sem tratamento complexo, o consumo de energia no processo é
menor (a temperatura de reação é mais baixa), há uma drástica redução na
quantidade de efluentes e, além disso, as enzimas podem ser recuperadas
e reutilizadas.
A produção do biodiesel em escala industrial utilizando enzimas, no
entanto, não tem sido adotada principalmente devido ao alto custo dos
biocatalisadores. Por este motivo, encontrar processos que reduzam o
custo do processo enzimático torna-se essencial. Uma das possibilidades é
a reutilização do biocatalisador, o que pode ser possível através da
fixação das enzimas em suportes sólidos. Outra alternativa seria
utilizar resíduos agro-industriais para o cultivo de microrganismos para
a produção de lipases. A aplicação destes resíduos fornece substratos
alternativos de baixo custo e é economicamente interessante para países
que são grandes produtores agrícolas, como o Brasil.
Assim, os estudos que vêm sendo realizados com o intuito de viabilizar a
produção do biodiesel utilizando enzimas como catalisadores são
promissores e podem levar à produção de um biodiesel ainda mais “verde”.
Fonte: http://www.portaldoagronegocio.com.br/conteudo.php?tit=catalise_enzimatica_produz_biodiesel_mais_verde&id=51431
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